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Far-Left Anarchist Extremists Take Credit For Bombing Italian Populist Party Office
A história é sempre a mesma...
E, reparem em como são os verdadeiros progressistas quem constitui o alvo deste atentado (muito a fazer lembrar o assassinato de Aldo Moro)...
Que sentido é que faria, para alguém que supostamente quer melhorar a sociedade, atacar logo os que querem também claramente fazê-lo, em vez de atacar os restantes?
A quem é que verdadeiramente interessa (ou, por outras palavras, quem é que realmente beneficia de) este atentado? (Lembrem-se de que o "Liga Norte" é indubitavelmente anti-sistema!)
Tenham sempre em mente o seguinte relatório, que eu parcialmente traduzi há uns bons anos, de cada vez que oiçam falar de atentados terroristas em Itália atribuídos a anarquistas.
Statewatch: "Anarchists to be targeted as 'terrorists' alongside Al Qaeda"
É o que, com toda a segurança, posso afirmar, relativamente às recentes notícias de pessoas que foram detidas no vizinho Estado Espanhol, acusadas de fazer algo tão estúpido como colocarem bombas em igrejas...
Pois, conheço bem o movimento anarquista no país nosso vizinho e também as repetidas montagens policiais que os aparelhos repressivos do Estado Espanhol fazem, para poderem demonizar e reprimir tal movimento.
E, para quem não saiba o que são "atentados de bandeira falsa", sobre os quais já elaborei - numa das primeiras colocações que fiz neste blogue - no que toca a estes serem usados contra movimentos sociais, passo a explicar brevemente...
Nada disto é uma novidade para o movimento anarquista espanhol, ou sequer europeu. E, por exemplo, neste artigo sobre o que agora ocorreu, podem ficar a saber de um exemplo recente de uma militante anarquista no país vizinho que acabou por ser ilibada do que era acusada.
Este tipo de montagens ou operações, tem até como muito conhecido antecedente, o "Caso Scala", ocorrido em 1978 - que não foi a única montagem menos recente, contra o Anarquismo militante, ocorrida no Estado Espanhol. Podendo este mais conhecido caso inserir-se na mais ampla operação europeia, conhecida como "Operação Gládio", de combate aos movimentos sociais, através de atentados executados por agentes do poder estabelecido, que eram depois atribuídos a anarquistas e militantes de esquerda.
(Têm uma explicação do que ocorreu em Itália, nos chamados "anos de chumbo", aqui.)
E, a razão para o que agora se passa no país vizinho é bastante simples...
Num Estado Espanhol em que muito cresce a contestação à actual ordem das coisas, torna-se mais importante do que nunca sabotar e reprimir qualquer movimento (real e legítimo) que tente avançar com reais soluções para os actuais problemas sociais - razão pela qual, mais do que nunca, interessa demonizar movimentos como o anarquista, que muitas mentes tem libertado, muito cresceu após a queda da ditadura franquista e muito potencial continua a ter.
E, dito isto, penso que não há sequer necessidade de estar a elaborar mais sobre este assunto... Para além de dizer que: exijam sempre *provas* do que vos dizem os média de massas e estejam sempre atentos aos resultados finais destas detenções de supostos "terroristas anarquistas" (e correspondentes operações de demonização mediática) que acabam, invariavelmente, por ser a ilibação dos acusados de tais actos.
Enquanto já muitos na imprensa controlada certamente esfregam as suas mãos de contentes com mais esta oportunidade de vilificar os anarquistas, não quis deixar passar ao lado a oportunidade de clarificar todos a quem esta mensagem chegar sobre o que realmente se passa na Península Itálica.
A estupidez e gratuitidade destes actos, tornam óbvio, para quem já fez ou faz parte de movimentos sociais, quem terão sido os seus verdadeiros autores.
Mas para quem esteja ainda alheio à enormidade de esquemas insidiosos a que os nossos governantes são capazes de recorrer para reprimir e manter as suas populações passivas e obedientes e para sabotar ou demonizar qualquer movimento de oposição que lhes ouse fazer frente, passo a explicar.
Um "atentado de bandeira falsa" é um tipo de operação a que frequentemente recorrem líderes políticos, que consiste em executar um ataque de modo a que este pareça que foi realizado por um qualquer dos seus inimigos para (quando na ausência de um) criar um pretexto para atacar esse mesmo inimigo.
Ou, como explicava eu um dia, de modo mais simples, na minha juventude: "Quando se quer atacar algo ou alguém e não se tem um pretexto, a solução é arranjar um. Artimanha-se um qualquer ataque, culpa-se o inimigo da autoria deste, e pronto, a agressão fica transformada em legítima defesa."
(Seguir-se-á mais uma "caça às bruxas", tendo como alvo os anarquistas, tal como outras que têm ocorrido no passado em Itália?)
Este tipo de ataques fazem também parte de um conhecido método, para aumentar o controlo sobre as populações, que surge usualmente incluído na mais amplamente denominada "estratégia de tensão" e que consiste em criar medo entre uma população, para que esta peça ou aceda a novas medidas de controlo estatal, que empurram a sociedade ainda mais para uma situação de verdadeiro estado policial.
Isto, já para não falar que servem também para afastar potenciais simpatizantes de ideais revolucionários de qualquer grupo contestatário organizado, com medo de se estarem a envolver com potenciais grupos "terroristas".
Resta agora ver que consequências terão mais estes ataques para quem, em Itália, não aceita de modo passivo estas "medidas de austeridade" e quer erradicar de vez a fonte de tudo o que são problemas sociais e abusos de poder por parte da classe política.
Deixo-vos com a tradução de um excerto de um relatório, elaborado por uma organização europeia de defesa dos direitos civis, sobre outros atentados ocorridos em Itália atribuídos a "anarquistas", com uma interessante referência à conclusão de um estudo, encomendado pelo Parlamento italiano, sobre quem esteve realmente por trás da morte do antigo Primeiro-Ministro Aldo Moro, com uma interessante referência à admissão de culpa da parte de um ex-Presidente da República italiana nos atentados ocorridos no seu país durante os chamados "anos de chumbo" e com algumas listas de outros exemplos, registados ao longo da História, deste tipo de atentados - [1] [2] [3] [4] [5].