
Que ninguém interprete mal as minhas palavras...
O 25 de Abril era algo que, de qualquer modo, precisava de acontecer - pois, uma coisa é a instauração de uma Democracia e outra coisa é o uso particular que lhe dá um qualquer povo.
É até com muito orgulho que tenho oficiais militares na minha família que participaram neste golpe e foi também com muita honra que tive o privilégio de ser afilhado de um oficial, em particular, que é o que realmente admiro de todos os que conheci, que (por ser de alta patente) fez parte de um órgão de governo temporário.
Oficial último este que, de cada vez que fazia visitas a minha casa, expressava as suas revolta e indignação pela corrupção e pela falta de nível e integridade políticas de que tinha conhecimento, não só pelos mesmos meios de informação que toda a restante população, mas também através de contactos de "alto nível" que tinha, derivados do tempo em que era governante temporário - sendo alguns destes pessoas com quem trocava palavras quando fazia visitas ao Palácio de São Bento (onde fica localizada a Assembleia da República) já em plena Democracia.
E oficial este, que me dói saber que morreu desgostoso com o estado em que estava o País pelo qual muito lutou - chegando ao ponto de se considerar um "exilado", dentro do seu próprio país, presumivelmente por não se considerar parte da restante população que o rodeava.
Mas, boas intenções à parte - e não negando o valor da Democracia, em si - o que se passa, também infelizmente, é que a História oficial que nos contam nas escolas costuma ser um mero "conto de fadas", muito simplificado, que omite sempre pormenores mesmo muito importantes, que permitem fazer uma leitura diferente (e mais complexa) dos acontecimentos...
