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EUA e UE Conjuntamente com Terroristas Ucranianos Erguem o Regime Nazi
Declaração da Presidente do Partido Socialista Progressista, Nataliya Vitrenko
23 de Fevereiro de 2014
[traduzido do inglês em: http://tarpley.net/usa-and-eu-are-erecting-a-nazi-regime-on-ukrainian-territory/]
Os acontecimentos na Ucrânia estão a excitar o mundo inteiro. Precisamos de entender a essência do que está a acontecer. O Partido Socialista Progressista da Ucrânia, como um partido da Oposição de Esquerda, que lutou e está a lutar contra o rumo das políticas domésticas e exteriores seguidas sob a direcção da desestabilização Laranja e de Yushchenko e contra a aliança do Partido das Regiões e do Partido Comunista liderada por Yanukovych, considera necessário fazer uma avaliação.
No dia 22 de Fevereiro, militantes e terroristas do Parlamento Euromaidan executaram um golpe neonazi recorrendo à força armada.
Violando todas as normas da Constituição e da lei internacional e pisando os valores europeus, o Parlamento excedeu a sua autoridade e cometeu actos criminosos. Washington e Bruxelas - que disseram ao mundo e a toda a humanidade que a Euromaidan é uma acção não violenta do povo ucraniano, para fazer uma escolha europeia e proteger a democracia e os valores europeus - deviam agora admitir honestamente que o povo ucraniano não teve nada disso. Usaram um golpe nazi, executado pelos insurgentes, terroristas e políticos da Euromaidan para servir os interesses geopolíticos do Ocidente.
As provas irrefutáveis disso são:
1) A mudança de governo ocorreu de modo inconstitucional. Isto violou a Lei europeia. Em violação da XIIIª secção da Constituição (que descreve em detalhe o procedimento para alterar a Constituição), sem a participação do Tribunal Constitucional, o sistema estatal do nosso país foi alterado pelo Conselho Supremo (Parlamento) da Ucrânia;
2) Indo além dos poderes do Parlamento da Ucrânia, violando o artigo 19º da Constituição, o Parlamento nomeou supervisores para os:
- Ministério do Interior,
- Serviço de Segurança da Ucrânia e
- Procuradoria-Geral da República.
Estes supervisores estão instalados com o objectivo de exercer a violência política da Euromaidan sobre as instituições constitucionais do estado para promover os interesses do Ocidente de modo inconstitucional;
3) O Presidente ucraniano Yanukovych (ao qual o nosso partido se tem oposto tal como tornamos claro nos últimos quatro anos) foi destituído dos seus poderes constitucionais numa violação grosseira da Constituição. A Constituição não providencia o direito ao Verkhovna Rada (Parlamento) da Ucrânia de retirar poder ao presidente da maneira que isto acabou de ser feito. A Constituição providencia um procedimento detalhado de impugnação que está especificado por escrito. Mas outra vez, não guiados pela Lei, mas antes por alegada expediência revolucionária, desprezando o princípio europeu da presunção da inocência, Yanukovych foi removido do seu cargo e foi nomeado um novo presidente em violação da Constituição;
4) O Parlamento, ansioso por defender os militantes e terroristas da Euromaidan, perdoou e fez heróis de todos os seus membros, iniciando o processo de lhes dar a presidência. Isto significa que não serão prestadas contas por aqueles que usam a força armada para matar civis ou agentes da autoridade inocentes, que se apoderam de e destroem edifícios de escritórios e armazéns com recurso à força armada, que executam linchamentos, ou que exercem chantagem e executam raptos. Isto cria uma base para a formação de uma maquinaria de estado repressiva neonazi.
Washington e Bruxelas devem ouvir os nossos avisos. Nós consideramo-las responsáveis por tudo o que fizeram para transferir poder para as forças políticas responsáveis pelo estabelecimento deste regime nazi totalitário na Ucrânia, com a inevitável violação grosseira dos direitos e liberdades de milhões dos nossos concidadãos.
Os EUA e a UE devem saber que esta usurpação do poder por partidos e movimentos políticos incluindo forças neonazis (tais como o "Svoboda" e o "Sector de Direita"), anunciou a implementação de uma revolução nacional sob as máximas "Ucrânia para os ucranianos", "Glória à nação - morte aos inimigos", "Ferramentas moscovitas e comunistas para a forca!" e outros.
Começando a 22 de Fevereiro, este novo governo deve assumir toda a responsabilidade em toda a Ucrânia pela violação dos direitos e liberdades dos cidadãos.
Insurgentes e terroristas continuam a capturar edifícios administrativos da Euromaidan e autoridades locais no Sul e Leste da Ucrânia. Usando métodos terroristas, os votantes foram destituídos dos seus direitos e da autoridade dos seus representantes eleitos em assembleias locais. Civis que defendiam as suas escolhas foram impiedosamente alvejados por homens armados com Kalashnikovs, espingardas e outras armas de combate, como por exemplo a 22 de Fevereiro em Lugansk.
Militantes aos quais não foi dada qualquer autoridade policial legítima atribuíram a si próprios poderes policiais de emergência, usando machados e paus para bloquear as principais vias de comunicação centrais, mandando parar carros para efectuar inspecções e verificações de documentos de passageiros e prendendo pessoas. Bloquearam a entrada para o aeroporto e desta maneira violaram grosseiramente a Convenção Europeia dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, a qual garante a inviolabilidade da pessoa, a liberdade de movimento, a presunção da inocência e o direito à segurança e à vida. Todas as pessoas da Ucrânia foram humilhadas e foram-lhes negados a sua dignidade e os seus direitos.
Logo a 23 de Fevereiro representantes do novo governo anunciaram a formação da nação ucraniana: proclamam que qualquer pessoa que use a língua russa será sujeita à destituição do seu estatuto de nativo de etnia ucraniana e será descriminada em termos de direitos civis e políticos.
O novo regime já anunciou a sua intenção de banir a emissão de canais da Federação Russa no território da Ucrânia, apelidando-os de canais de televisão de um estado hostil. Esta é a maneira da qual o novo governo defende os valores europeus da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa.
O regime está a preparar listas de inimigos que estão sujeitos a proscrição. Este mecanismo irá destituir de direitos civis e políticos todos aqueles que não partilham as visões neonazis das novas autoridades ucranianas.
Por todo o país, continuam a ocorrer mórbidos linchamentos. Pessoas estão a ser espancadas e apedrejadas, enquanto membros indesejáveis do Verkhovna Rada da Ucrânia são sujeitos a fortes intimidações e oficiais locais vêm as suas famílias e crianças serem alvo de ameaças de morte se não apoiam a instalação deste novo poder político. As novas autoridades ucranianas estão a queimar em massa os escritórios de partidos políticos de que não gostam e anunciaram publicamente a ameaça de processamento criminal e proibição de partidos políticos e organizações públicas que não partilham a ideologia e os objectivos do novo regime.
Militantes da Euromaidan estão-se a apoderar de igrejas ortodoxas como o Mosteiro de Kiev-Petchersk, procurando transferi-las para elementos cismáticos do clero como Filaret. A intenção é apoderarem-se de todas as igrejas da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscovo para conformá-las ao Vaticano.
Em nome do Partido Socialista Progressista da Ucrânia, declaramos que não reconhecemos a legitimidade deste golpe e não reconhecemos como legítimas as actividades nas novas autoridades ucranianas. Condenamos a total violação dos direitos e liberdades dos cidadãos da Ucrânia com base em critérios nacionais, étnicos e culturais, religiosos e políticos.
Apelamos ao Parlamento Europeu e ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo a sua intervenção imediata no que está a acontecer na Ucrânia, para proteger os direitos e liberdades dos cidadãos, para impedir o espoletar por parte do novo governo ucraniano de uma Terceira Guerra Mundial no continente euro-asiático.
--- Nataliya Vitrenko, Presidente do Partido Socialista Progressista
Quando, numa colocação anterior (que fiz há mais de um ano - e antes de tal medida ser sequer proposta) dizia (talvez, para surpresa de algumas pessoas) que há-de vir o dia em que deixe de se celebrar o feriado do 25 de Abril e quando, numa outra colocação, dizia que as pessoas que a nossa sociedade gerem não fazem as coisas "à bruta" e que, antes de implementarem uma medida impopular vão, lenta e repetidamente, mentalizando e amainando o "gado", que a tudo isto se sujeita, para a mesma... Explicava, na última colocação de que falo, que uma das coisas que se fazem, para abrir caminho a essas mesmas medidas impopulares, é primeiro derrubar a barreira psicológica existente (que possa fazer com que as pessoas se oponham a tal medida) tentando fazer dessa mesma medida algo que é admissível - e que se justifica, em certas circunstâncias - podendo esta ser, primeiro, quase efectivamente tomada e, depois, seguidamente abandonada, apenas para, um dia, mais tarde, voltar, quando já a população estiver mais mentalizada para a mesma e quando se tenha, nessa altura, um mais forte pretexto para a implementação da mesma...
E, sabido isto... Façam vocês a interpretação que quiserem da medida, recentemente "abandonada" pelo governo, de não celebrar mais o feriado do 25 de Abril, em certos órgãos do Estado.
E também, a propósito disto, sobre as medidas de vigilância na Internet, de que falava na minha colocação anterior e com que também vão avançando e recuando os nossos governos, talvez achem interessante ver o vídeo que se segue.
A saga dos anarquistas e restantes combatentes antifascistas espanhóis não acabou com a sua derrota na Guerra Civil de Espanha.
Para além dos que escolheram ficar em território espanhol e que, durante décadas, foram praticando acções de guerrilha, refugiando-se nas várias zonas de vegetação densa deste território, foram muitos os que, tendo fugido para o sul de França, com o rebentar da Segunda Guerra Mundial, voltaram a pegar em armas, não só para combater os nazis e seus colaboracionistas franceses, como também para continuar a sua luta contra os fascistas espanhóis. Formando assim parte dos vários grupos de guerrilha da Resistência Francesa que operavam predominantemente no meio rural e constituindo também grupos de espanhóis apenas que agiam de modo independente.
De entre os antifascistas espanhóis que lutaram em França e que acabaram por ser capturados pelas autoridades francesas e alemãs e de entre a maioria destes que foi simplesmente transferida dos campos de concentração franceses onde se encontravam desde a sua fuga de Espanha, estima-se que mais de 90 por cento acabaram no complexo de campos de concentração de Mauthausen- -Gusen. Um dos mais conhecidos agrupamentos de campos de extermínio nazis, pelo qual passou, entre outras pessoas famosas, o conhecido caçador de nazis Simon Wiesenthal.
Chamados "Rotspanier" ("espanhóis vermelhos") pelos alemães e tendo nas suas roupas um símbolo azul em forma de triângulo, usado pelos prisioneiros de origem estrangeira, com um "S" para indicar a sua origem espanhola, estes chegaram a constituir de início a maioria dos prisioneiros do campo de Mauthausen que deu origem ao complexo, estimando-se que tenham passado por este conjunto de campos mais de 7 mil prisioneiros espanhóis, dos quais cerca de 5 mil lá morreram.
Junto a estes antifascistas de origem espanhola foram também parar alguns de outras nacionalidades, que ao lado destes tinham lutado em Espanha nas Brigadas Internacionais.
As condições deste campo eram simplesmente brutais... E quem quiser ter uma ideia de como as coisas eram, pode ver um muito bom, e algo perturbador, documentário intitulado KZ - O Campo de Concentração de Mauthausen, que foi há uns anos exibido na RTP 2 e que facilmente se encontra na Internet.
Mas outra coisa distingue este conjunto de campos de concentração nazis dos restantes, para além de ter sido aquele onde foi parar a esmagadora maioria dos combatentes antifascistas espanhóis. É que o principal campo do agrupamento - o campo de Mauthausen em si - foi o único campo no qual - aproveitando a desorientação das forças alemãs e o estado de semi-abandono em que este foi deixado, devidos ao avanço das forças aliadas - os seus prisioneiros tomaram o controlo do mesmo e conseguiram até repelir um ataque por parte das forças alemãs, encontrando-se este já sob o domínio dos seus prisioneiros aquando da chegada das forças libertadoras.
Um óbvio resultado da experiência organizativa dos combatentes antifascistas espanhóis e de outras nacionalidades e um muito inspirador exemplo de até onde pode ir o espírito de resistência humana, até mesmo nas mais horríveis condições de extermínio sistematizado.
A libertação deste campo foi registada numa fotografia, onde foi reconstituída a chegada das tropas americanas, no dia seguinte à real libertação.
A sempre resistente presença espanhola ficou assinalada na faixa que se pode ver pendurada sobre a entrada do campo.
Chamada de atenção para a existência de uma série documental de 6 episódios, produzida pela BBC e Granada TV, há já quase 30 anos, sobre este conflito, onde se podem ver filmagens do que aconteceu, assim como entrevistas a alguns dos participantes e pessoas que viveram este acontecimento, que na altura ainda eram vivas.
A série existe dobrada em castelhano e em inglês. E pode ser facilmente encontrada na Internet procurando por "Guerra Civil Espanhola, A (1983)" ou pelos termos "Spanish Civil War BBC documentary".
Talvez uma boa introdução para aqueles que ainda pouco ou nada sabem sobre que guerra foi esta, agora que se assinalam os 75 anos do seu início.
Vi finalmente, só na semana passada - 10 anos após ter perdido a sua exibição na RTP 2 - o filme Libertarias, de 1996, co-escrito e realizado por Vicente Aranda.
A começar, o genérico inicial do filme é acompanhado por aquela que é simplesmente a mais bela interpretação que alguma vez ouvi do hino A Las Barricadas.
Pelo texto que é mostrado no início, e por não saber, na altura, que realizador é este, fiquei inicialmente na dúvida se seria mais uma tentativa por parte do "sistema" de tentar retratar o Anarquismo como algo utópico e inalcançável. Mas depois de ter visto o filme e de me ter informado sobre quem é este realizador, parece-me mais ser algo na mesma onda do filme Capitães de Abril, de Maria de Medeiros, em que se tenta retratar o assunto sob um ponto-de-vista romântico.
O filme centra-se claramente no que foram os aspectos mais belos e positivos da Revolução, não esquecendo, no entanto, também os mais negativos, que foram (algumas das coisas que ocorreram e com as quais discordo profundamente) a destruição de locais de culto e obras de arte cristãos e até o fuzilamento de elementos do clero. (O qual, note-se, também não era composto por nenhuns "santinhos" e que, como sempre, tomou o lado dos fascistas e apoiava os fuzilamentos de quem se limitava a defender um governo democraticamente eleito...)
Mas quanto à história em si, parece-me ser um filme interessante. Sobretudo pelo enfoque principal que faz no papel feminino na Revolução. Mostrando que o activismo, ao contrário do que infelizmente se vê muito hoje em dia, não é essencialmente uma coisa de homens. E que até nas acções que exigem mais coragem por parte de quem nelas toma parte, não só há lugar para as Mulheres, como há aquelas que queiram participar nessas mesmas acções.
Sobre a coragem feminina, há até, a dada altura, uma cena que me deixou com os olhos ligeiramente aguados, em que uma miliciana afirma:
"Não entendemos porque a Revolução tem de ocorrer a cargo de metade da população apenas. Somos anarquistas. Somos libertárias. Mas também somos mulheres e queremos fazer a nossa Revolução. Não queremos que nos façam eles. Não queremos que a luta se organize à medida do elemento masculino, porque se deixarmos que seja assim, estaremos, como sempre, f**idas. Queremos dar tiros para poder exigir a nossa parte na hora da partilha. E, sobretudo, queremos deixar bem claro que, nestes momentos, o coração não nos cabe no peito... E seria um desatino ficarmos em casa a fazer tricô. Queremos morrer. Mas queremos morrer como homens. Não viver como criadas."
Um dos vários retratos belos, do ideal libertário, que são feitos neste filme.
Mas mais bela ainda, foi, para mim, a cena final, que me fez chorar à brava. Penso que, por uma mistura entre a beleza do que é descrito, por simbolizar a morte da Revolução e por o ideal que nela é retratado, não só ser algo que nunca verei, como algo que a minha consciência fortemente sugere que está, cada vez mais, longe de alguma vez se tornar realidade...
Deixo-vos com o genérico de que falava, que é mostrado no início do filme.