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Quem lucra com estes fogos florestais

17.10.17

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(Estando este blogue de férias, esta é apenas uma colocação de "ensaio" - e que não seguirá o meu habitual estilo de publicação, de incluir hiperligações com as provas do que digo. Mas, de qualquer modo, o que a seguir afirmo são coisas que têm sido ditas na imprensa controlada nacional - mais propriamente, em entrevistas e debates televisivos que já pude apanhar.)

Primeiro que tudo, um muito importante dado estatístico:

O número de ignições por habitante em Portugal é 10x superior ao dos outros países europeus. (10x!)

E, dito isto, passemos ao que tenho a apontar...
No início do mês passado, ao ligar o meu computador, deparei-me com uma notícia na secção "ZAP Notícias" do portal aeiou.pt a dizer "Preço da madeira queimada não para de cair. Quem ganha com os fogos?" - no que é claramente mais uma demonstração de estupidez (ou cumplicidade) por parte da vergonhosa classe jornalística portuguesa, perante as repetidas desgraças que ocorrem neste país, causadas pelos incêndios florestais...
Ora, queriam com isto obviamente lançar a suspeita de que será a indústria madeireira quem lucra com estes fogos - e, por isso, quem poderá estar por trás dos mesmos... Mas, recorrendo a uma lógica mesmo muito simples - e que a classe jornalística portuguesa não é capaz de (ou que, conscientemente, não quer) usar - analisemos o que é sugerido nas entrelinhas.
Se fosse a indústria madeireira quem ganhasse significativamente com estes incêndios florestais, teríamos obviamente o mesmo fenómeno, de fogos constantes durante o Verão e não só, a ocorrer em toda a restante Europa (que também tem zonas florestais) certo? E, se isto não acontece, é porque alguma coisa distingue Portugal dos restantes países europeus...
Logo, temos de fazer a muito importante pergunta:

O que distingue Portugal, em termos de incêndios florestais, dos restantes países europeus?

(Já viram que pergunta difícil é de se fazer? Nem com um curso de jornalismo é alguém capaz, de tão complicado que é chegar à mesma...)

E, a resposta óbvia é:

O facto de serem empresas privadas quem combate (e lucra imensamente com) estes mesmos fogos.

Na quase totalidade ou maior parte (não consigo saber exactamente, porque a imprensa controlada não investiga isto) dos restantes países europeus, são as forças do próprio Estado quem combate os fogos florestais - e, deste modo, não há empresas privadas que tenham interesse em que estes ocorram, para depois poderem combatê-los.
A indústria madeireira já se tem defendido, dizendo que não lucra com estes fogos - pois, a madeira que daí advêm é de má qualidade e não pode ser usada para pasta de papel ou para mobília de qualidade. Pelo contrário, o que estes incêndios representam, é uma grande perda de matéria-prima para essa mesma indústria. (E, reparem em como muitas vezes são as próprias fábricas da indústria madeireira que, por se situarem em zonas florestais, são afectadas por estes mesmos incêndios!...) O único uso significativo que se poderá dar à madeira queimada, é usá-la para contraplacados - que, entre outras coisas, integram mobília de baixa qualidade.
Ora, quem compra esta mobília de baixa qualidade são as classes mais baixas - que, com a dita "crise", já nem dinheiro para estar a comprar mobília têm. E, não estou a ver uma economia nacional de tal modo vibrante - no decorrer desta suposta "crise" - que justifique que fosse a restante indústria que produz e usa contraplacados - e que tem cada vez menos clientes - pôr o seu próprio país a arder - e, com isso, reduzir o poder de compra dos seus potenciais clientes...
Resumindo: O preço da madeira queimada "não pára de cair" para valores tão baixos, porque ninguém a quer comprar!
Quem, inquestionavelmente, lucra muito com tudo isto são as empresas privadas de combate aos fogos. Pois, embora os valores que são pagos às mesmas sejam sempre, muito convenientemente, omitidos pela imprensa controlada, se há pilotos que deixam de fazer as suas preciosas férias de Verão para andar (a arriscar a sua vida) a combater estes fogos, é porque certamente um muito bom salário recebem para tal. Ou seja, é porque muito dinheiro têm tais empresas para lhes pagar, por receberem muito dinheiro da parte do Estado para combater tais incêndios. Tão simples como isso.
O facto da imprensa controlada, neste país, estar constantemente a apontar (de forma implícita) o dedo (e, com isto, a desviar as atenções) para a indústria madeireira - ao mesmo tempo que quase nunca aponta esse mesmo dedo para a indústria de combate aos fogos (e, muito importante, nunca revela que valores recebe e quanto lucra esta indústria para combater estes fogos) - é, logo em si, muito revelador de que há aqui uma muito importante ligação, pela qual passam enormes fluxos monetários, que é constante, consciente e muito convenientemente escondida.
Restando a nós fazer a pergunta: Porquê?

(E, também muito importante, reparem em como o governo imediatamente mentiu sobre a ocorrência, ou não, de um acidente com um piloto de helicópteros de combate aos incêndios e sobre a causa do incêndio em Pedrógrão Grande. Há, claramente, uma intenção de tentar minimizar a percepção pública das desgraças consequentes destes incêndios florestais, para impedir que surja um sentimento de revolta com as mesmas. Pois, tal Revolta poderá levar a que se investigue seriamente quem é que anda a dar ordens aos incendiários que têm sido apanhados.)

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colocado por Fernando Negro às 09:16


1 comentário

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De Artur Antunes a 16.08.2018 às 13:41

comento agora que localizei este post.

"O único uso significativo que se poderá dar à madeira queimada, é usá-la para contraplacados - que, entre outras coisas, integram mobília de baixa qualidade.
Ora, quem compra esta mobília de baixa qualidade são as classes mais baixas - que, com a dita "crise", já nem dinheiro para estar a comprar mobília têm. E, não estou a ver uma economia nacional de tal modo vibrante - no decorrer desta suposta "crise" - que justifique que fosse a restante indústria que produz e usa contraplacados - e que tem cada vez menos clientes - pôr o seu próprio país a arder - e, com isso, reduzir o poder de compra dos seus potenciais clientes..."

Então e os pobres de outras paragens? ;)

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